' - Oi. É uma festa particular? Por que não me convida?
A luz do salão iluminou o rosto do rapaz à sua frente, que a olhava nos olhos sorrindo.
Isabel desviou o olhar e por um momento odiou aquele rapaz que vinha distraí-la em sua sentinela.
- Eu sou Fernando, e você?
- Eu? Sou a Ilusão.
- É um nome estranho pra quem está sozinha. A ilusão nunca está sozinha.
- Pode me chamar de cretina então. É meu apelido.
- Cretino é aquele que crê em tudo que ouve. Você acredita em tudo?
- Eu? Não. Só naquilo que me ilude.
- Acreditaria se eu dissesse que é a garota mais linda da festa?
- Não. Eu diria que você está me gozando. E o esbofetaria.
- Seria uma nova esperiência ser esbofeteado por uma ilusão.
- Ou por uma cretina...
- Você tem resposta pra tudo, não é?
- Não. Só pra quem tem pergunta pra tudo.
Isabel entornou rapidamente o resto do copo e o líquido escorreu quente, queimando tudo por onde passava.'
( A Marca de Uma Lágrima - Pedro Bandeira)